COMO tudo já foi tão declarado, tornando qualquer gesto transparente, não É POSSÍVEL que esteja intrigado esse espirito, ainda que indolente. PERDER-TE não é um erro que arrisco, pois existo SEM NUNCA TE TER ganho ou ACHADO na essência do que conquisto, da sensatez óbvia não me abstenho. NEM o mais vil, anónimo recado ficou sequer NA POLPA DOS MEUS DEDOS para te ser lançado entre segredos. Jamais SE poderia TER FORMADO O AFAGO errado ou o rancor em mim, mas tu, por incúria, pensas que sim. (citando um excerto do POEMA SOBRE A RECUSA de MARIA TERESA HORTA)
Quando se torna íngreme a paixão, sobes uma rua vista do chão, tudo é composto de angulosa treva, obstáculo constante que se eleva, o espaço acolhe-te com relutância, os passos não transpõem a distância, afogas-te no asfalto circundante ou no passeio a quebrar-se adiante.
Passeiam amantes pelos jardins onde LISBOA de verde se vestiu, eles planeiam discretos festins, entre ambos o adultério já sorriu. Observam a magnífica cidade, as colinas quase multiplicadas, à luz da paisagem a lealdade das almas infieis e apaixonadas. Consorte secreta deste casal que se UNIU SEM LEI convencional, Lisboa abençoa o desejo livre. AO VOSSO ABRAÇO de intocável cor apenas se insinua, sedutor, O AZUL DO TEJO que no longe existe.
Entras, inocente, na escola doentia ONDE O AMOR foi ensinado bem depressa durante a lição que durou um longo dia, em diversas aulas de matéria dispersa. E nesse lugar aprenderás a paixão, todas as suas mais profundas fantasias que SE renderão à dor, à desilusão, quando forem infectadas por almas frias. Aprenderás o fascinante fogo do Hades que o futuro MATOU mas ainda não sabes, lidarás com o que NASCEU de noites mágicas e depois alcançarás, entre visões trágicas, o amor em formas decadentes, luzidias, UM MONSTRO feito de sonhos e melodias.